Combati as primeiras 72h sem cigarro com faxina e arrumação da casa ininterrupta
como narro aqui. A primeira semana passou sem grande sufoco. Já a segunda...
Com aproximadamente 10 dias sem fumar eu, que sempre dormi
tarde e sempre gostei disso, fui acometida por uma insônia demoníaca. Sim, porque amar a madrugada e usá-la para
trabalhar, escrever e criar é uma coisa, outra bem diferente é estar exausto emocionalmente, querer dormir e não conseguir; não ter concentração
para assistir a um único mísero filme, ver o dia amanhecendo e sentir vontade
de chorar de cansaço como acontece na insônia.
O que fazer com noites imensas, gigantes e gordas se meu
emocional e minha concentração estavam totalmente embotados?
Ler? Nem pensar, a
dispersão era imensa. Assistir a um filme? A agitação não me deixava parar
quieta por uma hora e meia. Responder mensagens? Nunca! Paciência zero para os
dramas dos amigos e muita irritação para tratar de trabalho. Dançar? É, dançar funcionou algumas
noites, mas nem toda noite eu estava disposta a fazer a Beyoncé na frente do
espelho. Cuidar da beleza? Sim, ajudou um dia ou outro, mas nem sempre nosso
cabelo precisa de hidratação e nossa pele de máscara de argila.
Well, well, well, a segunda semana sem cigarro inaugurou em minha vida a tragicomédia chamada “noites de terror”. Eu tinha tempo de
sobra para fazer o que quisesse durante a madrugada e capacidade emocional zero,
vontade zero para realizar e produzir o que quer que fosse. E tome culpa, e
tome aflição, e tome tédio, e tome ansiedade, e tome vontade de tomar uma poção
mágica e dormir por vários meses seguidos.
Durante o dia eu seguia a mesma rotina: eu acordava, cuidava
da pele com afinco para usar o tempo que antes eu usaria
fumando um cigarro na janela, fazia o suco anti-cigarro, depois me arrumava,
passava um batom vermelho e descia para o café para folhear revistas (porque
ler tava difícil, não tinha concentração) e fazer ligações pessoais e de
trabalho - lembrando que eu tinha deixado todo o meu trabalho pronto, textos e relatórios escritos para apenas enviar aos chefinhos e parceiros.
Pois bem, tomava dois cafés e uma água com gás, comia um pão de queijo e ia
para a academia. Continuei com a dobradinha jump + algum funcional ou spinning
+ algum funcional diariamente.
Empolgada com a dieta low carb ia constantemente ao mercado
para buscar vegetais frescos e as Casas Pedro comprar farinhas liberadas, etc e
tal.
Vontade de fumar eu não senti. Primeiro porque estava com o
selinho de 21mg. Segundo porque enchi meus dias com novas atividades. Cozinhar receitas diferenciadas foi uma delas.
Gastei boa parte do meu tempo nesse período pesquisando
receitas low carb, comprando ingredientes e experimentando receitinhas. Foi uma
diversão. Em outro post vou falar exclusivamente sobre a dieta que fiz.
Fiquei explosiva, chata, irritada, nervosa, chorosa, como se
estivesse numa TPM permanente. Uma hora queria uma coisa e cinco minutos depois
não queria mais.
As noites de terror eram de puro desespero, muita
choradeira, olhos ardendo, vontade de gritar. Mas estava feliz por estar
conseguindo manter a dieta, por não ter comido um docinho sequer, por estar
malhando, enfim, por estar ¨cuidando de mim¨, da minha casa, da minha
alimentação.
Todas as pessoas que pararam de fumar fazendo uso de
medicamentos alopáticos - como a Bupropiona
– relatam que não passaram por esse sufoco, todavia optei por: usar selinho de
nicotina, tomar floral, tomar homeopatia, meditar, fazer atividade física
diária.
Uma das coisas que percebi durante a segunda semana foi que
é extremamente importante criar uma nova rotina para que a nossa mente (e nosso cérebro) se sinta menos à deriva. Criar pequenos rituais, mesmo.
Por exemplo, cuidar da pele todos os dias ao acordar, caminhar todos os dias
no mesmo horário, comer nos horários de sempre, etc.
O fato de estar me sentindo "no controle do meu peso" e do meu
corpo, de não ter "jacado" nenhum dia sequer desde que parei de fumar me alegrava
e encorajava - se estava sendo possível
nas primeiras semanas, que são as mais tenebrosas, seria mole manter nos
próximos meses, tudo daria certo, eu ia parar de fumar, não engordar e ensinar
o caminho das pedras para as pessoas que desejam parar de fumar mas tem medo de
engordar.
Só que o tempo me ensinou que as coisas não eram bem assim...
monicamontone
imagem: google
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