Depois de UM ANO sem cigarro - vejam bem, estou dizendo UM ANO, 12 meses,
365 dias - aprendi a identificar o que era fome, sono, tristeza e não julgar
TUDO o que sentia como medo, raiva, irritação e frustração.
Quando somos
bebê nossas mães (e a família) nos ensinam essas pequenas lições e criam
rotinas de alimentação e sono para que condicionemos hora de comer, hora de
dormir e assim por diante. Às vezes esse processo de aprendizagem leva anos.
Quando (re)
nascemos depois de um vício somos tão virgens para isso tudo quanto uma criança
que
acabou de
chegar ao mundo! Com a diferença de que ninguém nos ensina a reconhecer nada e
que, ao contrário dos anjinhos, temos uma bagagem emocional que muitas vezes
esta lotada de culpas e pequenas vergonhas - o que complica ainda mais as
coisas.
Ontem, para
o meu total espanto, comecei a ficar MUITO irritada com a reforma do vizinho do
andar de cima e de repente parei e me perguntei:
- Esse
barulho está aí quase todo dia, por que HOJE, AGORA, está me irritando mais do
que o normal?
Olhei no
relógio e vi que passava das 17h e eu não tinha comido nada desde o almoço: eu
estava com fome.
Fiz um
lanche de tapioca + ovo cozido + tomate + manjericão e a irritação passou.
Continuei trabalhando normalmente como se o baticum do vizinho nem existisse e
depois fui para academia.
UM ANO!
DEMOREI UM ANO para COMEÇAR a detectar minhas emoções e necessidades
fisiológicas sem o cigarro.
Se eu ainda
fosse fumante, o que eu faria quando a barulheira da reforma do vizinho
começasse e me deixasse irritada? Acenderia um cigarro imediatamente! O cigarro
não faria o barulho desaparecer, tampouco resolveria a minha irritação, mas me
manteria distraída por alguns minutos, me faria engolir fumaça no lugar de
apenas frustração; provavelmente tapearia a minha fome (completamente natural e
saudável para o horário).
Foram mais
de 20 anos dando para o meu corpo, minha mente, minhas emoções, meus hormônios e
meu cérebro gotas extras de dopamina (sempre que tragamos ativamos regiões de
recompensa no cérebro), portanto é mais do que natural que esse conjunto de
fatores que "sou eu" ficasse desafinado como uma sinfonia de crianças
iniciantes e sem maestro por um tempo.
Se você está
parando de fumar e ainda não consegue entender por que TUDO está mais irritante
que o normal, comece já a treinar sua percepção!
Assim que a
raiva máster-modo-on aparecer, questione-se: que horas são? Há quanto tempo
comi?
Estou com
sono? Dormi quantas horas essa noite? Isso é mesmo tão importante assim? O que
estou sentindo exatamente é raiva, medo, sentimento de injustiça, carência,
solidão? No caso das meninas, vale perguntar "estou na TPM"?
Enfim, vá
treinando, vá se questionando que uma hora você vai conseguir ler suas
necessidades e vai passar a atendê-las com mais facilidade e menos sofrimento.
monicamontone
imagem: google
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