A relação
entre depressão e fumo, há muito observada por especialistas da saúde, é real e
forte, mostra um novo relatório do governo americano.
Pessoas a partir de 20
anos com depressão têm duas vezes mais chances de serem fumantes, descobriram
os pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
A magnitude
da relação é surpreendente, afirma a pesquisadora Laura Pratt, epidemiologista
do Centro Nacional de Estatística de Saúde, dos CDC, que publicou os resultados
em 14 de abril.
"A
relação entre depressão e cigarro se fortaleceu ao longo do tempo", disse.
Em 1952 e 1970, conta ela, os estudos detectaram apenas uma ligação pequena e
insignificante na população americana.
Mas, quando Pratt e sua parceira de
pesquisa Debra Brody analisaram dados de 2005 a 2008, extraídos da Pesquisa
Nacional de Exames Médicos e Nutricionais, elas descobriram que:
- Cerca de
43% dos adultos depressivos com 20 anos ou mais fumavam, em comparação a 22%
dos não depressivos na mesma faixa etária.
- Mulheres
com depressão tinham proporções de fumantes semelhantes a homens com depressão,
embora mulheres sem depressão fumassem menos do que os homens.
- Com a
piora do quadro depressivo, a porcentagem de adultos fumantes crescia.
- Fumantes
depressivos fumavam mais do que fumantes sem depressão.
Adultos que
tinham depressão e eram fumantes tinham menos chances de largar o cigarro do
que fumantes sem depressão.
- Cerca de
7% dos adultos americanos com 20 anos ou mais tiveram depressão de 2005 a 2008,
revela o levantamento. Cerca da metade das pessoas de até 55 anos com depressão
no período da pesquisa era fumante, mas menos de um quarto daqueles sem
depressão na mesma faixa etária era fumante.
Desde a
divulgação dos males do cigarro em um relatório do órgão americano que
supervisiona profissionais da saúde de 1964, o fumo de cigarro entre adultos
caiu pela metade no país, mas cerca de 21% do total de adultos ainda fuma,
observa o relatório.
"Todo
mundo sabe que gente com depressão tem mais probabilidade de fumar", disse
Pratt, mas o que a surpreendeu, explica, foi a extensão dessa ocorrência
constatada pelo estudo.
Por exemplo,
entre mulheres de 20 a 39 anos, o estudo revela que 50% daquelas com depressão
fumavam, enquanto fumantes representavam apenas 21% daquelas sem depressão.
Mesmo
adultos com leves sintomas depressivos - aqueles que não se enquadrariam na
depressão clínica - tinham mais chances de fumar do que pessoas sem sintomas de
depressão, revelam as pesquisadoras.
O motivo
exato de as pessoas depressivas tenderem a fumar mais estava fora do escopo do
estudo, afirma Pratt, mas algumas pesquisas sugerem que o comportamento pode
ser um tipo de automedicação, com os cigarros de alguma forma agindo como
calmantes ou um mecanismo de relaxamento. Stanton A. Glanzt, diretor do Centro
para Pesquisa e Educação no Controle do Tabaco da Universidade da Califórnia,
em São Francisco, afirma não ter se surpreendido com os resultados.
Ele concorda
com a ideia de que pessoas depressivas que fumam possam estar se automedicando.
Parte do problema, afirma, é que profissionais de saúde mental demoram para lidar
com o problema do tabaco.
"Existe
um mito no qual, se você lidar com a situação, encorajando o paciente a parar
de fumar, fica mais difícil tratar a doença mental subjacente", disse
Glantz. "A verdade é exatamente o oposto disso."
imagem: google
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