De todas as vezes que parei de fumar (estou na sétima
tentativa) nunca o primeiro mês foi tão indolor.
Pudera! Eu estava fazendo reposição de nicotina com o
selinho, tomando meu suco anti-cigarro todas as manhãs, malhando duas horas por
dia, fazendo a dieta Low Carb e ostentando uma barriga negativa por aí (o que
quer dizer que o medo de engordar estava sob controle).
Além disso, me dei
folga, férias, licença - sei lá eu que nome usar, uma vez que sou autônoma - deixei
textos e relatórios prontos e comuniquei às pessoas com quem trabalho que
precisaria me ausentar uns dias.
Irritação? Sim! Dificuldade pra dormir? Sim! Falta de
concentração? Sim! Impaciência? Sim! Vontade de chorar sem motivo aparente?
Sim! Sensação de TPM ininterrupta modo on.
Não conseguia sequer assistir a um filme no Netflix porque
não havia concentração. Ler, então, estava fora de cogitação.
O que fazer, então, com o tempo ocioso, uma vez que estava
de férias e as coisas que sempre amei fazer para “matar o tempo” (ler,
escrever, assistir filmes) me pareciam impossíveis naquele momento?
Arrumar! Arrumar as coisas, arrumar a mim mesma. Arrumar, arrumar, arrumar.
Passei o mês todo arrumando coisas em casa: arrumando armários do banheiro e da cozinha, lavando pincéis de
maquiagem, jogando remédios vencidos fora, costurando furinhos em meias,
tirando bolinhas de casacos de lã com aparelho de barbear, jogando canetas
velhas e secas do porta-canetas, separando bijuterias e roupas para doar, organizando
livros por seções nas estantes, colando objetos quebrados com super-bonder,
levando roupas para consertar (barra de calças, zíper quebrado,
etc).
Passei o mês todo arrumando a mim: fazendo cronograma capilar
(hidratações potentes nos cabelos), máscara de argila no rosto, esfoliação da
pele com açúcar cristal e mel, esfoliação dos pés, saquinhos de chá verde
gelados sobre as olheiras, unhas sempre feitas, descoloração de pelos, depilação
e sobrancelha em dia; testando máscaras faciais caseiras com banana amassada e
mel, água de arroz para amenizar manchas, etc, etc, etc.
Ou seja, quando eu não estava arrumando
obsessivamente a casa, estava arrumando obsessivamente a mim mesma.
Arrumar, arrumar e arrumar me dava uma estranha sensação de
controle e de que estava fazendo algo positivo para mim.
Hoje eu sei que apenas
canalizei a minha compulsão pelo cigarro para a arrumação - o que eu achei ótimo na época, melhor descontar “na
arrumação” do que na comida, certo?
Acontece que chegou uma hora que não tinha mais nada para arrumar, nem
na casa, nem em mim. Para onde direcionei a minha compulsão, então? Para as
compras!
Mas isso vou contar num próximo post, quando for falar do segundo mês
sem cigarro.
Nota: ocupar o tempo ocioso com trabalhos manuais - de limpeza da casa à artesanato - pode ajudar e muito nas primeiras semanas sem o cigarro. Trabalhos repetitivos geralmente acalmam a mente. Fica a dica.
monicamontone
foto: google
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