Estou sentada à mesa de um Café com um body branco sem
costas e um short esportivo rosa. Apesar do dia chuvoso faz calor no Rio. .
O Café, na verdade, é uma padaria de luxo onde se come os
melhores croissants da cidade, mas como os comi ontem, hoje passo vontade e
bebo apenas um chá. .
Uma garota (gordinha) se senta ao meu lado com o namorado.
Eles notam a minha presença. A garota que tinha chegado sorridente agora está
emburrada comendo seus croissants sem dirigir uma única palavra ao namorado.
Sim, o namorado olhou para mim algumas vezes.
A garota engole seus croissants com manteiga e olha para mim
aparentemente com raiva.
Mal sabe ela que acordei odiando com todas as minhas forças
o tamanho das minhas coxas e que me chamei de porca hoje em frente ao espelho
somente porque esse final de semana fiz uma farra gastronômica.
Mal sabe ela que fiquei olhando uma garota magérrima - e
toda descolada, com look rocker - que
estava no local, pouco antes dela chegar, e que pensei "tenho um vestido
parecido, mas não tô entrando nele porque estou imensa".
Como sou mais magra do que a namorada do idiota que mesmo
acompanhado olha para outras mulheres ela deve achar que minha vida é perfeita.
Ela deve estar sentindo culpa por estar comendo carboidrato
enquanto eu bebo chá. Ela deve achar que eu sou mais magra do que ela porque
não como croissant. Ela deve achar que o idiota ao seu lado olha para outras
mulheres porque "ela é uma porca que come carboidrato".
Até quando vamos estragar os nossos rolês por conta de
competitividade imaginária e suposições delirantes acerca da vida alheia?
O ciúme do boy é ciúme dele, de fato, ou medo de que ele
considere alguém melhor?
Até quando vamos achar que a beleza de outra mulher é uma
ameaça para nós?
monicamontone
imagem: google
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